É galera, e nem adianta ficarem brabos comigo, porque é a mais pura verdade, a internet e a modernidade hoje servem pra nos alienar e nos afastar cada vez mais de nós mesmos.
Hoje é tudo muito fácil, muito online. Tudo é em rede! Até os encontros no bar, são mais virtuais do que outra coisa, pois ficam 20 cabeças, cada uma focada no seu Iphone atualizando as fotos tiradas e "fulana está na conchinchina". E interação entre os 20 cabeças que estão la? Ah pra que ne....
Pois bem, seguindo nessa linha, posto pra vocês um texto muito legal do Caio Braz. Ele faz toda uma relação entre essas coisas ditas modernas! Então curtam ai e por favor, continuem lendo o blog, lógico, mas vivam mais fora dos Iphones, Ipads, Internet e por ai vai ok?!!!!
Difícil missão essa de viver em 2012. Despertar com o alarme do iPhone e ao abrir o primeiro olho, correr para o instagr.am para ver quem curtiu e comentou as suas fotos. Depois, o Twitter, pra ver as mentions, e com sorte, uma DM reveladora. Depois o Facebook, que deu uma bagaceirada e te enche de notificações de festas que você não quer ir, e alguns aplicativos inúteis. Por último o e-mail, repleto de mensagens de sites de compras coletivas de cidades que você sequer pisou. E enfim, abrir os dois olhos e dar o primeiro bocejo, em pleno inverno (glacial) paulistano.

A gente toma café, sai pra trabalhar. Entra em outro computador. E no caminho do trabalho, não larga o iPhone, mesmo com um pouquinho de medo de assalto. No trajeto, curte o microcosmo das suas músicas, e do fone de ouvido design. Se alguém te pede informação você já fica #chatiado porque tava chegando no refrão e teve que tirar o fone. Passamos o dia inteiro esbravejando pelo sinal miserável, o 3G sofrido, e a bateria ridícula do iPhone. Quando dá 60%, já começo a surtar. Quando chega aos 20%, é motivo de aflição completa: medo do isolamento, e da obsolescência. O vício de lembrar de sempre passar a mão no bolso direito da calça para ver se ele está lá. O vício de sempre passar a mão no banco do táxi pra ter certeza que não o esqueceu. Tudo para não se desconectar.

As pessoas simplesmente desaprenderam a marcar compromissos como se fazia antes do telefone celular. Lembra que a gente ligava para a casa das pessoas, cumprimentava a mãe do amigo da escola, e pedia pra ela passar adiante? Depois marcava com o amigo às 14h30 na esquina da rua pra andar de bicicleta pelo bairro, e os dois chegavam pontualmente. Não tinha essa de mandar mensagem (tô chegando, tô preso, atrasei). Não podia deixar na mão. E hoje quando a gente se encontra em um bar, difícil mesmo é largar mão do iPhone. Pior só nos festivais, onde telefone simplesmente não funciona – e ninguém se encontra, porque a gente desaprendeu a viver. Porque teoricamente, temos o iPhone pra mandar uma mensagem e nos reencontrarmos. Só que não.
A impressão que dá é que se a gente não estiver conectado, vai estar perdendo alguma grande notícia. No final das contas, nem tem uma grande notícia. Às vezes chega um e-mail ou outro com uma novidade legal. Mas poderia ser um telefonema old school. Ou até, pessoalmente. As coisas incríveis nas vidas de todas as pessoas sempre aconteceram e chegaram de algum jeito. A gente se enche de informação que não serve pra nada e até perde um pouco da capacidade de interpretação – com tanta coisa rolando sujeita à aprovação, às vezes você deixa de clicar em algo que poderia te agregar algum conhecimento porque só duas pessoas deram like, e alimentamos a nossa cota diária de voyeurismo e vício em sites idiotas.

Perdemos alguns rituais. Mal compramos discos, não sabemos as caras dos cantores, a identidade visual. É legal ver os clipes no Youtube, mas depois fechamos a janela, e ele já se foram. Até mesmo o DVD já tá sumindo do mapa. Apagamos as músicas, se foram as memórias musicais. Abra a sua gaveta de discos dos anos 90 com suas anotações nos encartes, a etiqueta que diferenciava os seus discos, dos da sua mãe, e da sua irmã e veja a quantidade de memórias que isso vai te trazer. Nos conectamos com o mundo, e nos desconectamos de nós mesmos.

Isso porque eu nem comecei a falar de amor – saber que a pessoa que você tá a fim leu a mensagem no Whatsapp e não te respondeu doi mais do que quebrar uma perna. Será que é mesmo esse o mundo ideal? Não sei como mudar. Só sei que tem coisa demais, tem opção demais. Tá tudo muito no nosso alcance. O que é bom deixa de ter o valor devido, porque pode ser substituído a qualquer segundo com um clique. Me sinto um pouco prisioneiro dos maus hábitos que desenvolvi. Largar meu iPhone? Jamais. Apenas sobreviver em uma eterna relação de amor e ódio. Queria menos Wikipedia, mais Barsa, Almanaque Abril e dicionários. Menos iTunes e mais discos. Menos Skype e iMessage, e mais quem eu gosto me olhando cara a cara. Coragem, viu.
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